quinta-feira, 24 de abril de 2008

Já é o dia seguinte... mas há pouco, há poucochinho era ainda dia 23 de Abril... o dia Mundial do Livro...
Deixo aqui um momento de leitura. No campo, claro, que é onde as palavras se envolvem num aroma de Primavera contagiante...

:)

"Sonhar é acordar-se para dentro." - creio que este pensamento é de Mário Quintana, de quem deixo aqui um poeminha para brindarmos juntos aos Livros, que marcam a diferença dos nossos dias...


Poeminha do Contra

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!


E hoje apetece-me, apetece-me encher esta página de poesia...


Se as coisas são inatingíveis
- ora,não é motivo para não querê-las
-que tristes os caminhos se não fora
a mágica presença das estrelas!"


Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei.

Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:

- mais nada.


Cecília Meireles


Teia

Não sei se são ramos, se raízes, se sabores, se sons
se aves, se fios, se tristezas, se voos
se lembranças, se retratos, se palavras, se alegrias
se desenhos, se segundos, se minutos, se livros
se folhas, se luas, se bonecas, se músicas, se lágrimas
se cantos, se cadernos, se sorrisos, se poemas, se histórias
se desejos, se encantos, se sonhos, se estradas,...
Não sei.
Chamo-lhe teia.
(Digo que é minha.)

Teresa Martinho Marques


Campos do Alentejo

Áreas que só na alma
encontram suas árias
Mas não virão guitarras
à noite acompanhá-las
Nem o voo das harpas
Nem da neve os fantasmas
Um coro de chaparros
em brados abafados
é sempre o que lhes cabe
é sempre o que lhes basta
Ó crua luz da tarde
logo que a manhã nasce
Por mais que a noite caia
na cal tudo ressalta
E a sombra de um arado
como um A muito amargo
ao qual se limitasse
todo o abecedário
De guerras tantas grades
de fomes tantas pragas
nas lavras destas áreas
os tempos semearam
Abre-me ó terra os braços
como só tu os abres
Até mais graves sabem
tornar-se aqui as aves


David Mourão-Ferreira



E para terminar ilustro este poema com uma fotografia minha (outra das minhas grandes paixões)...



2 comentários:

Anónimo disse...

'Eu passarinho!'

:P

Gostei muito!

Vou ser assidua!

Beijinhos, mummy* :D

Fátima Silva disse...

Beijinhos filhótinha linda...

Conto com as tuas críticas... e apoios...

Mummy